VISÃO PROFISSIONAL SOBRE O AA

##ALCOÓLICOS ANÔNIMOS E A VISÃO PROFISSIONAL##

"Ninguém é Alcoólatra Porque Quer" aa.jpg

Eduardo Mascarenhas: Médico Psicanalista

Alcoolismo não é um vício, é uma doença. É preciso que a gente perceba essa sutil diferença, porque ela acaba criando as maiores confusões.
Vício é uma palavra que traz em si uma série de significações negativas, depreciativas e completamente injustas com pessoas que tiveram a infelicidade de sofrer a doença. Poderia ser diabetes, hipertensão, reumatismo, só que é alcoolismo. Se o vício, por um lado, recebe um aspecto correto do alcoolismo, que é a compulsão irresistível de beber, por outro estigmatiza o alcoólico como um fraco de caráter. Ora, convenhamos, não é nada disso. Ninguém se torna alcoólico porque quer, torna-se alcoólico simplesmente porque apesar de todos os mais sinceros e comoventes esforços, não consegue deixar de beber.
Poder-se-ia argumentar, então, por que começou a beber? Ora, quem aos 15 anos não começa a tomar seus chopinhos depois da praia, seu cuba-libre nas festinhas, sua caipirinha de vodka ou cachaça, seus vinhozinhos no natal? Se tiver mais grana, quem não tomará seu champanhe na passagem do ano? Seu uísque no baile? Quem iria adivinhar que, anos depois, se tornaria um alcoólico? Deixemos, pois, de ser hipócritas e de sair pichando, estigmatizando os outros por suas dificuldades.
Se o alcoólico bebe, não é por falta de vergonha na cara. Bebe descontroladamente porque possui uma doença que pode acometer qualquer um: o alcoolismo.
Alíás, falta de vergonha na cara, é sair por aí encontrando explicações fáceis e cômodas para problemas difíceis e incômodos. Você que está lendo esta coluna e eu que a estou escrevendo, que, moderadamente, entornamos socialmente nossas gostosas doses em ocasiões sociais, podemos, perfeitamente, sem percebermos, nos tornar amanhã escravos do álcool. Podemos perfeitamente padecer desta doença – o alcoolismo – e simplesmente não sabemos.
Se 87% de nós jamais beberão descontroladamente, 13% o farão. Tudo muito lotérico. É mais fácil se tornar alcoólico do que acertar no bicho. É infinitamente mais fácil do que acertar na quina da loto. Portanto, mais delicadeza no nosso julgamento não fará mal a ninguém. Inclusive a nós mesmos, pois quem com julgamentos apressados fere com julgamentos apressados poderá ser ferido.

##O ALCOOLISMO NA VISÃO ESPÍRITA.##

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A OMS caracteriza hoje o alcoolismo como uma doença social, pois além de atingir uma faixa percentual da ordem de 50% como fator causador de mortes, acidentes, assassínios e etc, é uma doença silenciosa que invade o lar e destrói as famílias de dentro para fora. Afetando o que há de mais precioso entre os familiares: o Amor e o respeito que devem reinar no lar.

Por definição o Alcoolismo é "o consumo consistente e excessivoe/ou preocupação com bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfira com a vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa" (http://pt.wikipedia.org/wiki/Alcoolismo).

Alguns de nós podem, certamente, perguntar:o que o Espiritismo tem a ver com a questão do consumo do Álcool? É uma pergunta pertinente e sempre é interessante lembrar que A Doutrina Espírita não condena o consumo ou utilização de nenhum produto, bem como nenhum comportamento; deixando a escolha ao livre arbítrio de cada um, que será responsável pela colheita do que houver plantado, através da lei inescapável(se é que existe esta palavra) da causa e efeito.

E Doutrina, embora não condene, avalia as consequencias que nossos atos podem vir a ter e mostra os possíveis resultados do caminho que estamos tomando; servindo assim como guia de esclarecimento e orientação, o qual escolhemos, ou não, seguir.

É muito importante perceber que, embora muitas pessoas consumam a bebida alcoólica durante suas vidas, nem todas terão a incidencia do alcoolismo ou sofrerão a impulsão pelo consumo diário, o qual o vício acarreta.

Percebemos, assim, que o alcoolismo, embora se caracterize por sinais físicos, seja no consumo ou na abstinência, pode ser caracterizado também como uma necessidade moral, um hábito que está diretamente ligado às necessidades psico-físicas do ser humano.

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Embora a maioria dos alcoólicos não reconheça o seu problema (o que deve ser fator predominante no seu tratamento, de acordo com os 12 passos do Alcoólicos Anônimos)existem sinais que são característicos e que ficam evidentes, são eles:

• Tremor leve (principalmente nas mãos)

• Odor de álcool (no suor e no hálito)

• Sudorese constante (parecendo fraqueza no organismo)

• Aumento do fígado

• Falta de apetite (ou apetite apenas acompanhado de álcool)

• Pressão arterial lábil (sugestivo de síndrome de abstinência de álcool)

• Esquecimento de fatos que foram realizados sob efeito do álcool ("não me lembro como cheguei em casa")

• Constante diarréia (devido ao alto teor de líquido alcoolizado no intestino e pouca alilemntação)

• "Síndrome da higiene bucal" (mascarando o odor de álcool); entre outros.

A medicina indica que a presença de algum destes sinais,esporadicamente, no comportamento das pessoas não significa obrigatóriamente que ele(a) esteja com problemas alcoólicos; porém que a presença CONSTANTE de três ou mais destes sintomas é um forte indicativo de que está sofrendo de viciação alcoólica.

É neste momento que o conhecimento Espiritual pode ser de grande auxílio para o Alcoólico e para seus familiares.

Sabemos que somos todos rodeados por uma "núvem de testemunhas", como nos disse o apóstolo Paulo, e que estas testemunhas nem sempre estão interessadas no nosso bem estar e no nosso saudável desenvolvimento; pois, nos esclarece a Doutrina Espírita, que atraímos para nós aqueles espíritos com quem temos sintonia vibratória, ou sintonia de pensamentos e sentimentos.

Muitas vezes a pessoa que sofre de Alcoolismo é acompanhada de outras pessoas, desencarnadas, que sentem no encarnado o teor vibratório do álcool - por conta do constante consumo - e percebe que pode ter alí um suprimento de energias alcoolizadas e, uma vez que não pode mais tomar o líquido, absorve as energias do encarnado, em um processo que chamamos de vampirização. Podemos ler sobre este processo na obra "sexo e destino" do espírito André Luiz.

Embora se tenha a impressão que este fato está sempre ligado a uma vingança do passado, é necessário esclarecer que nem todo vampirizador é mau; muitos há que não tem a devida consciência do que fazem, se ligando de forma automática e instintiva ao encarnado; e neste processo, embora sem querer, fazem mal ao que está servindo de fonte de energia alcoolizada.

Outros casos existem em que o alcoolizado é, mesmo no estado de embriaguês, orientado por um espírito que o auxilia (tivemos em nossa casa espírita um caso assim: a pessoa sem beber não ia ao centro, quando bebia ia, assistia a reunião sem atrapalhar, e dizia que tinha alguém com ele o tempo todo); Assim percebemos que mesmo em casos de queda nos vícios não perdemos o amor que quem nos orienta.

Muitas pessoas,quando comento este fato, perguntam: E vocês deixam entrar na casa espírita pessoas embriagadas? e eu pacientemente respondo: o rémedio não é para os sãos; são os doentes que precisam mais do que todos. Jesus, quando em sua caminhada terrestre, andava com bêbados, prostitutas, doentes, viciados, enfim: todo o tipo de necessitados que suas mãos amorosas e palavras miraculosas pudessem auxiliar.

As pessoas que apresentam tal enfermidade são normalmente estereotipados e jogados à margem da sociedade, não percebem o mal que estão praticando contra sí mesmos, e muitas vezes afirmam: não estou fazendo mal a ninguém.

Esquecem alguns aspectos que é necessário lembrar que estas pessoas:
- se perjudicam fisicamente:
pois o organismo sobre constantes ataques da ção do álcool e vai se prejudicando cada vez mais, aparecem aí os sintomas como: tremores nas mãos, inchaços, diarréias, esquecimentos alcoólicos, etc;

- se prejudicam moralmente:
pois muitas das pessoas que convivem com ela passam a evitar sua companhia e, não raramente, comentar com outros conhecidos, de maneira negativa e reprovadora, sobre seu comportamento;

- se prejudicam profissionalmente:
pois passam a ser vistos como pessoas irresponsáveis, incapazes, sem respeito próprio, etc. E muitas vezes as pessoas que o cercam estão apenas mostrando um verniz de amizade e por trás tem diversos preconceitos e comentários.

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- se prejudicam familiarmente:
pois afastam as pessoas mais importantes de suas vidas através de comportamentos muitas vezes violentos, irresponsáveis, desrespeitosos, desatenciosos ou levianos; eliminando lentamente e dolorosamente os sentimentos positivos de amor e carinho que sua família tem por elas.

- se prejudicam espiritualmente:
pois assumem maiores comopromissos para vencer em uma próxima encarnação, além de conseguirem companheiros espirituais em grande sofrimento, quais elás próprias, quando não vingativos e perversos.

A propensão ao consumo desregrado de bebida, ou de qualquer outra droga, antes de um vício, defeito ou fraqueza, como muitos caracterizam por aí, é uma enfermidade da alma. É uma característica negativa que trazemos para tentar vencer nesta escola que é a vida, e muitas vezes somente podemos vencer com o auxílio daqueles que a providencia colocou em nosso caminho: família, amigos, médicos, etc.

Nós, os espíritas, com base no conhecimento das leis espirituais que nos são esclarecidos e, mais ainda, com base no evangelho de Jesus, temos o dever, ou melhor, a obrigação de compreender e de auxiliar no que nos for possível; quer seja com a presença, com encorajamento, com orientação, com medicamentos, com um leito para o repouso, etc.

Porém, mais que tudo, é imprescindível que, para serem auxiliadas, estas pessoas estejam conscientes do passo que darão. É necessário reconhecerem o problema e procurarem auxílio especializado (psicólogos, médicos e até clínicas de desintoxicação); nós, seus amigos e familiares, estejamos sempre presentes e municiados de amor e compreensão para com os defeitos destas pessoas durante estes momentos; porque estarão passando por dores e sofrimentos intensos, tanto fisicamente quanto espiritualmente.

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Não é fácil se livrar de um vício; ele se entranha em nosso espírito e muitas vezes necessitamos de auxílio externo para vencê-lo (quem achar que é fácil que deixe de fumar, de ser erótico, de falar da vida alheia, etc).

Este auxílio está sempre disponível para nós através da oração. Muitos não se julgam merecedores de serem auxiliados, principalmente quando portadores de problemas morais, mas Jesus não nos desampara nunca. Ele está apenas esperando a nossa vontade e que o busquemos para que se cumpra Sua promessa:

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"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma"
(Mateus, 11:28-30)

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